Distribuição de medicamentos segue em alta e se fortalece durante a pandemia

29/05/2020


A Associação Brasileira de Distribuição e Logística de Produtos Farmacêuticos (Abradilan) realizou ontem (27/05), um Fórum Virtual sobre Cenário e Perspectivas do Mercado Farmacêutico, com o diretor sênior da IQVIA, Edu Rocha.

O executivo apresentou dados que mostram a situação atual do mercado farmacêutico como um todo em épocas de pandemia e da distribuição, em específico. De acordo com ele, a distribuição no Brasil nunca esteve tão bem quanto hoje. “A participação do mercado de distribuição sai de 62,8% de market share, para 64,4%, ou seja, estamos falando de quatro bilhões de unidades.”

Dentro deste cenário, a Abradilan representa 28% do mercado total de distribuição e 18% do varejo. Dez estados concentram 77% dos negócios Abradilan. Minas Gerais é o estado mais importante, na sequência Rio de Janeiro e São Paulo. Das quase 80 mil farmácias existentes no Brasil, a Abradilan positiva 90% delas, o que comprova que ela se transformou em um excelente canal de distribuição, justamente porque a cobertura é muito alta.

No que diz respeito ao portfólio, similares e genéricos dominam, com 47% e 46% respectivamente. Nesses dois segmentos, o crescimento em qualquer métrica é gigante. Para genéricos, em unidades (caixinhas): 41% e em PPP (valor): 38%. Similar, 48% e 49% respectivamente. Ao olhar para similar mais genéricos, os percentuais são de 44% e 43% de crescimento.

Os dados compravam que as pessoas estão em busca de medicamentos mais baratos, o que não vem da crise instalada pelo Covid-19, mas se acentua com ela.

Distribuição de medicamentos

A projeção da IQVIA é de que o mercado farmacêutico brasileiro registre crescimento de 5% em maio, contra 8,6% abril, em unidades. “Quando essa projeção foi feita, não tínhamos ainda o decreto de mega feriado em São Paulo, isso pode ter afetado um pouco, para menos ou para mais. Em valor, a projeção é de 8,4% contra maio do ano passado e 13,6% contra abril”, revela Rocha.

O grande crescimento está no sell-in, que é recomposição de estoque, com 65%. “A demanda não está respondendo da melhor forma, sobretudo porque a onda de realizar estoques em casa, por grande parte das famílias brasileiras, acabou; mas os estoques das farmácias estão sendo repostos e se o inverno chegar com força, de acordo com as quedas de temperatura vividas nos últimos três dias, tende a crescer ainda mais, o que é muito bom.

Pós-crise – fatores relevantes

O primeiro fato que deve ser levado em consideração no pós-crise é a demografia brasileira. Hoje, o País tem 30 milhões de habitantes com mais de 60 anos de idade, em 2050 a projeção é de 60 milhões, o dobro. A pirâmide demográfica recebe um milhão de pessoas com mais de 60 anos todos os anos e essas pessoas, chegam nessa idade com pelo menos duas doenças crônicas. Aos 75 anos, elas vão apresentar pelo menos quatro doenças crônicas. Ao olhar para o consumo de medicamentos, 42% desses idosos vão ter que tomar cinco ou mais medicamentos e 23% vão tomar até cinco medicamentos, assim, exigindo muito esforço da indústria e da distribuição para esse atendimento.

Em segundo lugar, as patologias epidêmicas estarão cada vez mais presentes na vida dos brasileiros. Álcool gel e máscara de proteção respiratória farão parte da rotina das pessoas por muito tempo. Isso porque o ser humano sairá para rua de um jeito diferente, o isolamento social veio para ficar, especialistas dizem que vamos ter uma pandemia a cada dez anos, o mundo está diferente.

Distribuição de medicamentos: previsão para o mercado farmacêutico

A IQVIA fez uma previsão para o mercado farmacêutico brasileiro, considerando três cenários diferentes. Se o cenário for de menor impacto (término da quarentena, desemprego estável, atividades com retomada em junho), o mercado farmacêutico brasileiro crescerá 7,3% esse ano; se o cenário for de médio impacto (quarentena se estendendo um pouco mais, desemprego chegando a 25 milhões de pessoas, lockdown em cidades menores), o crescimento será de 4%; se o cenário for de alto impacto (isolamento se arrasta até setembro, 30 milhões de desempregados, lockdown em cidades maiores), o crescimento será de 1,9%.

“Parece muito ruim, mas se compararmos à indústria automotiva, ela está com 100% de redução em produção e 80% menos de venda, roupa, papelão e embalagem não estão diferentes. Então, estamos em um mercado que, na pior das hipóteses pode crescer 2%. Se não tivesse o Covid-19, a expectativa de crescimento seria de 10,4%”, finaliza Rocha.

Pontos de atenção

É muito claro que todo este cenário é novo e ninguém sabe ao certo qual o impacto. Para o presidente da Abradilan, Vinicius Andrade, o que mais exige atenção é não saber quando tudo isso acabará, bem como qual o período de crise que ainda vem pela frente.

Ele ressalta que o mix das farmácias mudou muito. “Produtos que eram importantes passam a não ser mais e os que eram menos importantes, passam a ser muito importantes. Farmácias de bairro começam a ganhar relevância porque as pessoas buscam as lojas mais próximas de suas residências. Em contrapartida, lojas de shopping e grandes centros perdem relevância pois estão fechadas há algum tempo.”

A recomendação é olhar para a gestão. É justamente isso o que fará com que os negócios prosperem. Ele lembra que, para o futuro, não se pode deixar que a dificuldade de receita faça com que se tenha perda de margem. “Muita atenção ao fluxo de caixa, como prevenção para um cenário futuro incerto, além disso, foco na gestão de estoque, para não comprar demais, nem de menos, sobretudo quando há perda de repasse de descontos e oscilação em demanda.”

Andrade afirma que falta de produto continua sendo o menos preocupante. “Não há falta de matéria-prima, nem de capacidade produtiva.” Por fim, vale ressaltar que a prorrogação de 60 dias no reajuste nos preços de medicamentos está para terminar no dia 31 de maio, até o momento, não houve qualquer nova alteração, o que não quer dizer que não possa haver, mas por hora, esse é o prazo que está em vigor.

 

Fonte: Guia da Farmácia


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