Bancos públicos vão socorrer empresas com financiamento a juros mais baixos
19/08/2015
Objetivo é dar ‘respiro’ às cadeias produtivas de vários setores, mas, em contrapartida, as companhias devem se comprometer a manter os empregos; setor automotivo foi a 1º a ser contemplado.
Como medida para evitar o agravamento da crise, o governo orientou os bancos públicos a liberar crédito mais barato para empresas das cadeias produtivas de diversos setores da economia. O objetivo do pacote é dar “respiro” ao caixa dos fornecedores de grandes empresas por meio de financiamentos a taxas mais baixas. Em contrapartida, as companhias devem se comprometer a manter os empregos para ter direito às “condições especiais”.
A cadeia produtiva do setor automotivo foi o primeiro segmento a ser contemplado, conforme antecipou a colunista Sônia Racy. Nesta terça-feira, 18, a Caixa Econômica Federal anunciou que vai liberar cerca de R$ 5 bilhões até o fim de 2015 para os fornecedores das montadoras em linhas de capital de giro e de investimento com juros mais baixos e prazos mais estendidos para pagamentos.
A fonte dos financiamentos serão recursos do próprio banco e do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT). O Banco do Brasil deve fazer nesta quarta anúncio semelhante de linhas com especiais para o setor automotivo.
O mesmo desenho de financiamento está em negociação com outros setores. Entre eles, alimentos, papel e celulose, química, fármacos, eletroeletrônicos, energia elétrica, telecomunicações, petróleo e gás, máquinas e equipamentos. De acordo com a presidente da Caixa, Miriam Belchior, estão mais adiantadas as negociações para os novas linhas direcionadas aos setores da construção.
“Os bancos públicos estão trabalhando para dar melhores condições para todas as cadeias produtivas”, disse Miriam ao assinar acordo da Caixa com a Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea), o Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) e a Federação Nacional de Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave). “Queremos dar um pouco mais de tranquilidade para esse momento de travessia pelo qual o País passa”, complementou a presidente da Caixa.
Miriam disse que o pacote tem o consentimento do ministro da Fazenda, Joaquim Levy. Desde que assumiu o cargo, o ministro sempre fez duras críticas à política anterior de benefícios a setores específicos.
“Sem um setor de autopeças forte, integrado e competitivo, não há razão para termos montadoras aqui”, disse o presidente da Anfavea, Luiz Moan. Segundo ele, as facilidades nos financiamentos vão permitir às empresas superar as “complexidades” do momento atual e podem contribuir para retomada da confiança por parte de investidores e consumidores. A cadeia produtiva automotiva tem 591 empresas associadas.
Juros. Uma das linhas criadas pela Caixa para os fornecedores das montadoras permite que as empresas antecipem recebíveis. Com a garantia dos contratos firmados com as grandes montadoras, os juros serão mais baixos. Também é possível pegar financiamento para cumprir as despesas típicas do segundo semestre, como o pagamento do 13º dos funcionários.
Com recursos do FAT, é possível financiar compra de máquinas novas e usadas. Com os do FGTS, o banco oferece empréstimos para renovação de transporte coletivo, máquinas agrícolas e caminhões. O banco estatal disse que os juros mais baixos serão cobrados das empresas que se “esforçarem” para manter os empregos. No entanto, a área técnica reconheceu que não tem como obrigar as companhias a não demitirem os funcionários.
“O crédito, em especial na rede privada, está bastante restrito, principalmente nas linhas de capital de giro. Em meio à crise, os bancos estão cada vez com mais seletivos ao fechar os contratos”, reconheceu José Velloso, presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq). Ontem, ele teve a primeira reunião na Caixa para formatar um acordo semelhante ao das montadoras. “Estamos vivendo uma crise e dinheiro para financiamento nunca foi tão importante”, afirmou.
Fonte: O Estado de São Paulo
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