“Anticoncepcional” masculino apresenta reações adversas parecidas com o feminino e é adiado
09/11/2016
Saíram os resultados do maior estudo já realizado para avaliar a viabilidade e as consequências de um anticoncepcional injetável masculino. Após quase oito anos de aplicações e análises periódicas, a principal conclusão é que, apesar da eficiência de 96%, compatível com a de métodos femininos, os efeitos colaterais ainda seriam severos demais para liberar a “pílula masculina”. O artigofoi publicado no periódico científico Journal of Clinical Endocrinology and Metabolism.
O estudo envolveu 320 homens que tinham entre 18 e 45 anos e estavam em relações monogâmicas estáveis. Foram aplicadas injeções bimestrais de hormônios supressores da produção de espermatozóides, e nas primeiras 26 semanas os voluntários foram aconselhados a usar métodos alternativos conforme o número de células reprodutivas liberadas na ejaculação caísse para o nível aceitável de 1 milhão por mililitro (ml) de sêmen — em um homem fértil, a taxa é quinze vezes maior.
Entre os efeitos colaterais registrados estão variações bruscas na libido, maior tendência a desenvolver depressão (3%), dor excessiva no local da aplicação, acne e alterações de humor (3%). Oito dos 266 homens que completaram o estudo tiveram dificuldades para retomar a produção normal de espermatozóides até 52 semanas após interromper o uso. Só quatro engravidaram suas parceiras.
Setenta e cinco por cento dos voluntários afirmaram que adotariam o método se ele estivesse disponível comercialmente, mas em 2011 o estudo foi interrompido com antecedência por órgãos fiscalizadores pelos riscos que ofereceria à saúde das cobaias. Antes disso, 20 dos participantes originais haviam deixado o experimento por não suportar efeitos colaterais, considerados moderados.
Mulheres usuárias de pílulas anticoncepcionais disponíveis no mercado tem 23% mais chances de tomar remédios para combater a depressão. No caso das pílulas de progestógeno, o risco sobre para 34%. Entre mulheres que têm entre 15 e 19 anos, a taxa sobre para 70%. Além disso, os riscos de trombose venosa profunda, acidente vascular cerebral (AVC) e infarto do miocardio são todos comprovadamente mais altos.
“Entre 20% e 30% das mulheres que tomam pílulas anticoncepcionais sofrem de depressão e têm que tomar medicação para isso. Esse estudo foi interrompido após apenas 3% dos homens relatarem sintomas do problema. É chocante.”, afirmou Elisabeth Lloyd, professora da Universidade de Indiana (EUA) que não tinha envolvimento com o estudo, à rede americana CNN. “Os riscos de dano à fertilidade não são fatais como os que as mulheres encaram com seus métodos de controle de natalidade.”
O estudo foi financiado pela Organização Mundial da Saúde, a OMS, e pela organização sem fins lucrativos CONRAD (em inglês, a sigla de “Pesquisa e Desenvolvimento de Contraceptivos”). As injeções foram fornecidas pela empresa farmacêutica Schering AG.
Fonte: Galileu
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